Enfim eu voltei para a análise, depois de
praticamente desacreditar do método e sofrer os reveses do discurso pouco hábil
de uma analista pouco profissional. Mas isso, a mistura entre o profissional e
o pessoal, eu só vi depois, e nem adianta pensar que a fluidez desses limites é
prerrogativa da psicanálise, ou sua vantagem. Eu estava sufocando nos limites
estreitos daquele “consultório”... Agora voltei, depois da re-volta. Voltei mas
para outro lugar, o que significa uma fronteira que se alcança. Voltei para a
busca de uma escuta, uma escuta que ouça a palavra peregrina que levo e não se
apresse a encaixotá-la num texto que não me pertence nem me diz respeito. Às
vezes é preciso ficar com os fragmentos, os cacos do texto, porque foi isso que
se conseguiu produzir como imagem — representação — de um turbilhão, de um
excesso. Vamos ver o que vai, ou não, acontecer.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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