CREDO
Se cada coisa
dada a perceber
impõe a crença
em sua forma e peso
e cor, e
impinge a supersticiosa
aceitação da
causa de ela estar
ali e não
noutro lugar qualquer,
e ainda mais —
a cega convicção
de que esse
estar ali é tão real
quanto o se
estar aqui a perceber
e elaborar para
consumo próprio
(e momentâneo)
uma religião inteira
de cores, formas,
pesos, causas — tudo
isso que é
necessário crer — então
como exigir de
nós, que a cada instante
cremos em tanta
coisa, ainda mais fé?
Paulo
Henriques Britto. Mínima lírica. 2.ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.51.
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