Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

narrativa da crise

Os principais veículos de comunicação do país parecem de acordo no objetivo de criar um clima de incerteza, alarmismo e pânico. Nunca eu entendi tanto como agora os meandros (sujos) do poder no Brasil. E esse entendimento faz mal, atordoa, entristece, deprime. Mais grave que os políticos e seus interesses sórdidos é o modo como os caciques e os blocos partidários estão disputando entre si o poder de deter e conduzir a narrativa da crise, espetacularizando a própria atuação. Estão atirando no pé — da democracia. 

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