MARÇO
O verão ainda atira
com todos os canhões:
chumbo, céu e chão
e as chuvas não quebram
o teto do ar livre
de um negro tão preto
que só pensando
num branco absoluto
para obtê-lo, sem nuvens
para registro nesta folha
enquanto um rio que não molha
mas agulha
passa e arrepia tudo
com suas águas que são pontas
― pregos ― por favor
não olhe o que só quer sofrer
a seco, sem lágrimas.
FREITAS FILHO, Armando. Máquina
de escrever: poesia reunida e revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2003, p.449-450.
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