Ainda vou escrever um artigo sobre o real significado
do xingamento “filho da puta”. Não é a mãe que está sendo xingada, mas a
própria pessoa. Prostitutas fazem sexo em troca de dinheiro: a função da
procriação, prevista na Bíblia para a atividade sexual desde Adão e Eva, não
está contemplada. Se prostitutas engravidam, trata-se de um acidente, de um desvio de
função. Logo, se alguém é filho da puta, esse alguém é um equívoco, porque em
princípio não era para ter sido concebido. É alguém que não deveria existir,
considerando, como se colocou acima, a prostituição como uma atividade
comercial. O fdp é um equívoco. É disso que se trata o xingamento.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.