INSÔNIA
Ao longe um cão branquíssimo latindo
Divide a noite em duas.
Se aquele cão fosse negro
Talvez eu pudesse dormir.
Pressinto uma bomba atômica
Adormecida no bosque.
Vivo ou morto estarei, inculpe ou réu?
Visito-me ao espelho: sem algemas.
Munido de passaporte para este mundo, ou não?
MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.952.
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