De
vez em quando sinto palpitar em mim uma Mariana mais forte e corajosa, a
Mariana que fui quando atendi ao ímpeto de não temer o mundo, de enfrentá-lo,
de lutar pela consecução de meu destino. Uma Mariana que ouviu muito rock na
juventude, que agia por critérios próprios, que tinha a coragem de sofrer sem
achar que o sofrimento era um mal sem fim, que tinha em si a força de saber-se
protegida pelo bem que trazia, desde sempre, em si. Essa Mariana é a pessoa que quero em mim, para mim, pois sua força sempre foi além de qualquer contingência.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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