Aqui, que é o fundo
Do fim do mundo,
Livre do tudo
De ter que ser,
Poderei, mudo
De mim, esquecer.
Sob o ermo e quedo
Grande arvoredo,
Dormindo experto,
Verei passar,
De mim
liberto,
Meu sonho no ar.
Ele é diverso
Do ser disperso
Com que, distinto
De mim sonhei.
Não penso; sinto.
Ignoro: sei.
Fernando
Pessoa. Poesia 1931-1935. São Paulo, Companhia
das Letras, 2009, p.236.
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