Vinha lendo bem o livrinho ofertado pelo monge, até
esbarrar na palavra submissão ― como condição para o conhecimento de Deus (ou
como O chamam). Quer dizer que o caminho para a libertação começa pela negação
da liberdade? Eis um paradoxo difícil de aceitar pela razão, e ainda mais pela
intuição. Porque há pessoas que não se submetem, jamais vão querer se submeter ―
a uma crença, uma teoria, um afeto, um esquema de vida, ao que quer que seja.
Se há um caminho para a liberdade, ele precisa ser construído com a própria
liberdade de quem a deseja. A liberdade é um bem supremo.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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