Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 18 de março de 2013

Fernando Pessoa

As formigas do ardor
Mato-as sem regas nem pós,
E não sei o que é pior ―
Se ter por alguém amor
Ou alguém tê-lo por nós.

Fernando Pessoa. Poesia 1918-1930. São Paulo, Companhia das Letras, 2007, p.403-404.

Nenhum comentário:

Postar um comentário