Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 9 de julho de 2013

a alma que as roupas não escondem

Ao me vestir, escolher as roupas que vou usar, tenho a impressão de que sou urbana. No entanto, há algo que as roupas não escondem. Um espelho de shopping deu o flagrante: num vislumbre rápido, percebi todo um conjunto perfeitamente caipira. Esperto era Rubem Braga, que tinha uma amostra de suas raízes na cobertura de Ipanema em que vivia.

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