Uma crise aguda (e inesperada) de labirintite
levou-me ao hospital na sexta-feira. Na verdade, a crise teria me deixado em
casa, passando mal a perder de vista, perdendo as forças e os sentidos. Quem me
levou foram minhas vizinhas, a quem eu tive a presença de espírito de chamar em
meu auxílio, quando me dei conta da gravidade do que estava acontecendo e ainda
tinha forças para me erguer da cama. Sugestão de minha mãe, que mora longe, em
outra cidade, outro estado, a quem liguei em primeira instância. Os sintomas e
a manifestação da labirintite são deveras desagradáveis, e não há que
descrevê-los aqui, nem é este o propósito. Mas há um sintoma que não sei se é
comum a quem passa pelas crises: a sensação imensa de fragilidade. Porque é
incerto o desfecho, se o socorro — o outro, digo — não aparecer. Apareceu, como
costuma acontecer comigo. Depois tudo se ajeitou, quem de direito foi avisado
etc. etc. etc.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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