Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 26 de abril de 2014

eu!?

Tenho momentos de extrema fragilidade, em que parece que vou desintegrar, que o eu que construí para uso externo e contínuo vai ceder à emergência de forças disciplinarmente mantidas sob controle, sob vigilância atenta. Entrevejo outros eus, passados e presentes, e pressinto que a casca frágil da superfície pode facilmente rebentar. Meus recursos nesses momentos? Escrever, por exemplo. Outros são de foro íntimo.

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