Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

monotonia

O principal canal de notícias do país interrompe a programação para, mais uma vez, transmitir ao vivo mais um depoimento de mais uma CPI. Somos todos convertidos em policiais, investigadores, nessa operação. Me recuso a ficar assistindo a essa teatralização da moralidade vigente. Pontos na audiência, adeptos na plateia. A televisão coloca o telespectador diretamente no ambiente de um tribunal. Todos atiram suas farpas e xingamentos contra o réu da vez. E assim, como disse um cantor, nos tornamos brasileiros. 

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