Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 12 de maio de 2016

"amor, essa palavra de luxo"

Em país de traidores, fica difícil rezar o “Pai-nosso”. Bastaria o segundo mandamento, “amar o próximo como a ti mesmo.” Mas o próximo é relativo, mutável, mutante. Num país sem face, amar é um luxo para poucos. 

Citação: Adélia Prado, "Ensinamento".

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