Não há adjetivos que cheguem para o álbum Clube da Esquina: uma torrente de surpresas e emoções e sensações e, por fim, algo parecido com o sublime: "San Vicente". Mas também "Um Girassol da Cor de Seu Cabelo", "Paisagem da Janela", "Cais", "O Trem Azul", "Tudo que Você Podia Ser", "Um Gosto de Sol", "Nada Será Como Antes" e, claro, "Clube da Esquina nº2", apenas melodia e a voz do Milton, mas já tão incorporada ao imaginário que é como se a letra estivesse ali, e fosse só cantar... e basta contar compasso, e basta contar consigo, que a chama não tem pavio, de tudo se faz canção e o coração na curva de um rio, rio, rio...
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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