Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Juan Ramón Jiménez

O estudante

Sonha, sonha enquanto dormes.
Tudo esquecerás com o dia.

(Dia, alegre aprendizagem
Da grande sabedoria.)

Aprende, aprende. No sonho
Esquecerás o aprendido.

(Sonho, doce aprendizagem
Do definitivo olvido.)

BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. In: __. Estrela da vida inteira. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p.419-420. 

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