Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

lua metafísica ornando o céu

Acaso, coincidência, simples questão de percepção... O fato é que ontem, saindo de dado lugar, já à noite, onde tinha ido cumprir ritual ligado à saúde, ou à falta dela, conforme se entenda, olhei distraidamente para o céu e vi uma enorme lua cheia suspensa, pairando absoluta. Num átimo, dei-me conta de que, conforme o ciclo da lua, há exatas quatro luas saía do mesmo lugar, em horário similar, cumprido o mesmíssimo ritual, quando olhei para o céu e vi uma bela e enorme lua. No mínimo o inusitado de tudo me trouxe, num relance, a intuição de que preciso desviar mais vezes meu olhar das coisas comezinhas, ou quem sabe mudar o ângulo do olhar, que há um alto pairando sobre o turbilhão absorvente da vida. 

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