A MEMÓRIA DO NOME
A memória do nome
é o paradoxo da verdade moderna
em que o livro
é o monumento da letra.
Na alma secreta da palavra
cada momento é uma prisão
porque a história
de tudo faz monumento
e o livro é o monumento da letra.
Memorizar é obliterar
porque a memória é feita de objetos
reapropriações
instantes figurados.
A memória é invisível
por isso tentamos dar-lhe corpo
de cada momento fazendo uma prisão.
Lembrando esquecemos
a ficção do momento
a ficção do monumento.
O modelo é o contrário do único
e toda a memória é funerária.
Ana Hatherly. A idade da escrita e outros poemas. São Paulo: Escrituras, 2005, p.60
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