SONO
Tenho tal sono que pensar é um
mal.
Tenho sono. Dormir é ser igual,
No homem, ao despertar do animal.
Tenho sono. Dormir é ser igual,
No homem, ao despertar do animal.
É viver fundo nesse inconsciente
Com que à tona da vida o animal sente.
É ser meu ser profundo alheiamente.
Com que à tona da vida o animal sente.
É ser meu ser profundo alheiamente.
Tenho sono talvez porque toquei
Onde sinto o animal que abandonei,
E o sono é uma lembrança que encontrei.
Onde sinto o animal que abandonei,
E o sono é uma lembrança que encontrei.
Fernando Pessoa. Poesia: 1931-1935. São Paulo: Companhia
das Letras, 2009, p.213.
Nenhum comentário:
Postar um comentário