Ontem fui a uma aula de alongamento seguida de pilates, um
bem-estar inédito, diferente. A professora, maravilhosa. Alguma coisa ali se
fazendo, diferente da ordem da razão, como se o corpo agradecesse por essa
forma de carinho. Essa semana o médico me falou sobre a questão dos meus ossos,
e pediu que eu levasse a sério o lance da atividade física. Em casa não consigo
muito, mas na academia, espaço coletivo, eu me animo. Essa coisa da gratidão do
corpo é diferente de tudo: e é também uma espécie de limiar. Estou divagando,
mas são coisas que gostaria de entender.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário