Inútil a ternura
pelo leve
momento a
desprender-se do infinito:
frágil, a
construção do tempo é morte
do que se atualiza.
Mais fecundo
é secundar o
pássaro buscando
o momento possível,
voo pleno.
Mais fecundo é
voar. Mas a ternura
(este pássaro morto
abandonado
como forma perdida
de nós mesmos)
nos alimenta em sua
sombra. Torna-nos
em sombras sem
alento. E sofremos
como pássaros
frágeis: desprendidos
do voo pleno nos
cristalizamos
realizando a morte
que vivemos.
FONTELA, Orides. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify:
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006, p.266.
Nenhum comentário:
Postar um comentário