Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 1 de dezembro de 2012

culpa

A literatura tem uma força de iniciação na vida que não pode ser subestimada. Ela age em camadas nem sempre disponíveis ao estoque consciente de conexões possíveis. Esta noite eu sonhei com o conto “Lacuna”, de que falei ontem antes de dormir. Sei que o sonho foi deflagrado pelo enredo que as imagens do sonho acabaram por assumir, quem sabe sugeridas, em nível consciente, pelo próprio conto. E daí? Daí que fiquei sabendo um pouco mais sobre culpa, a minha.

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