Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mário Quintana

VELHO TEMA

Chove.
Cada gota é uma rima pobre.
Sabes?... Sempre que chove, tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1899!

Mário Quintana. Eu passarinho. São Paulo: Ática, 2006, p.88.

Nenhum comentário:

Postar um comentário