Tive uma amiga, pessoa ímpar, além de ser uma mulher bastante bonita e atraente, do tipo que os homens param para olhar na rua, pela beleza
não muito convencional. Isso, a palavra é esta: não convencional. Pois um dia,
e esta é uma das poucas falas que recordo dela, de nosso intenso convívio e
amizade, ela disse algo dessa ordem: “Separo do marido, mas não me separo de
meus livros.”
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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