O desejo do corpo
no corpo, é diáfano
fogo que a água consome.
O desejo do corpo
na alma, é espesso
rosto que a água carrega.
O desejo da alma
na alma, gota
que o fogo retira do mar.
O desejo da alma
no Corpo, labareda
que a água conduz
ao refrigério
da ardente Árvore.
[Revista Poesia Sempre. Rio de Janeiro, ano 2, n.3, fev. 1994, p.160]
“A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos.” Quem se lembrou da tarde azul de Drummond
no meio da tarde fui eu, depois de ler o inquietante poema de Maria Capri e sair para dar uma volta na Cinelândia, em busca de um sorvete e algumas outras promessas, enquanto esperava o horário da consulta médica. O sorvete eu estava querendo desde cedo. Já o poema veio parar em minhas mãos sem qualquer cálculo, e me fazia
compreender que não era tão simples assim equacionar o que estava sentindo. Já pela manhã, na aula de natação, eu havia notado o belo azul do céu, permeado pelo delicado e suave reticulado das nuvens. Um dia intenso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário