Eram
todos mascarados
Porque eram todos gente…
Iam muitos, misturados,
Iam misturadamente…
Porque eram todos gente…
Iam muitos, misturados,
Iam misturadamente…
E sem haver entender
Entre o que um ou outro era,
Ia tudo num viver
Como dentro de uma esfera…
Entre o que um ou outro era,
Ia tudo num viver
Como dentro de uma esfera…
Era um globo de ninguém
Toda aquela mascarada,
Como uma bola que tem
A superfície pintada,
Toda aquela mascarada,
Como uma bola que tem
A superfície pintada,
E que rola monte abaixo
Só pelo declive que há.
Se a procuro não n’acho,
Porque rolou para lá…
Só pelo declive que há.
Se a procuro não n’acho,
Porque rolou para lá…
Para lá aonde acabou
O monte que ali começa…
E em busca dela me vou
Até que o buscar me esqueça.
O monte que ali começa…
E em busca dela me vou
Até que o buscar me esqueça.
Fernando
Pessoa. Poesia 1931-1935. São Paulo, Companhia
das Letras, 2009, p.321.
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