Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 22 de setembro de 2013

O que é a vida espiritual de alguém?

Seria aquilo que, tradicionalmente, se opõe à matéria? Então seria mais por tradição linguística — ou conceitual — que se continua a falar em vida espiritual. Mas deixando essa oposição de lado, é difícil não admitir que há uma dimensão espiritual da existência, com necessidades próprias e pouco conhecidas, talvez porque sejam menos intercambiáveis que as demais, mais visíveis e evidentes por si. Reconhecer em si demandas espirituais é, de alguma forma, perceber-se à parte, ainda que se saiba pertencendo a uma maioria. Há as que são canalizadas e satisfeitas nas religiões. E há aquelas que não encontram refúgio ou sentido na religião. Mas continuam sendo espiritualidade.

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