Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

três letras

Lar é uma palavra que agasalha a alma — não: agasalha o corpo, que sente essa bem-aventurança como se fosse uma oferta para a alma. E quando, à noite, o último momento da consciência do dia começa a ceder ao universo do sono e da noite e o corpo já se encontra agasalhado na cama, então a palavra lar ganha toda espessura e conforto que suas três letras mal adivinham comportar.

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