Aniversários costumam ser uma coisa aborrecida, pelo
simples fato da obrigação que os acompanha. Passo o ano recebendo notificações,
lembretes e convites de aniversários, do circulo familiar às amizades. “Liga
pra fulana, é aniversário dela”. “Hoje é aniversário de sicrano”. “Parabéns,
que Deus lhe dê alegrias e muitos anos de vida”. É isso ou condenar-se ao ostracismo social. Há, no entanto, outras maneiras de
amar as pessoas e os amigos. Como disse um compositor, eu acho tudo isso um saco. Mas a cereja do bolo vem em dezembro, quando o aniversariante-mor
mobiliza pessoas ao redor do mundo e de uma árvore, para celebrar... o que
mesmo? Acho que ninguém mais sabe.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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