Before Night Falls, ou Antes do Anoitecer (Julian Schnabel, EUA, 2000) é a sensível biografia, seguida mais ou menos linearmente, do escritor cubano Reinaldo Arenas, interpretado com requinte por Javier Bardem. O enredo gira em torno do desejo de se tornar escritor por parte de Arenas, que advém de uma infância paupérrima, e a luta que trava para conseguir êxito. As coisas parecem caminhar mais ou menos a contento, até que o regime cubano resolve mostrar uma face bastante cruel, passando a perseguir os homossexuais e os que criticam o regime ― Reinaldo acaba preso e torturado. O título do filme, que é de seu último livro, no qual se baseia, alude metaforicamente a esta circunstância ― escrever na condição de prisioneiro ― mas também anuncia o fim próximo (segue aqui um comentário do livro). Além de Javier Bardem, merece destaque a atuação de Johnny Depp. Um trecho de Celso Sabadin, publicado no Cineclick: “Antes de mais nada, vale a advertência: vá ao cinema preparado. O filme, em várias cenas, é um soco no estômago. Nem poderia ser diferente. Afinal, a história fala da trajetória de um homem que teve de lutar contra todos os tipos de preconceitos para conseguir ver sua arte publicada e difundida pelo mundo. Arenas batalhou contra os preconceitos sociais, políticos, sexuais e humanos, lutou contra todo o tipo de intolerância e comeu o pão que Fidel Castro amassou, tudo em nome da liberdade de expressão.”
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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