Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

literatura e ficção

“A literatura desvencilha o eu da sobrecarga e do trauma hiperssensorial, produzindo, mediante a novidade da ficção, um laboratório de mundos de sensações possíveis, sem o engate ―o hook  do ego submetido à compulsão regressiva e narcisista do uso ou consumo de drogas ou objetos.”

RAMOS, Júlio. Ficções do sujeito moderno: um diálogo improvável entre Walter Benjamin e Fernando Pessoa. Trad. Rômulo Monte Alto. In: SOUZA, Eneida Maria; MARQUES, Reinaldo (Orgs.). Modernidades alternativas na América Latina. Belo Horizonte: UFMG, 2009, p.32-55. [Agradeço ao Luiz o envio desse texto tão instigante, de que só guardava a pálida lembrança da brilhante exposição de Julio Ramos]. 



“Alterando um conceito de Otto Ranke sobre o mito, podemos dizer que a literatura é o sonho acordado das civilizações.”

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. __. Vários escritos. 4. ed. São Paulo: Duas Cidades; Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2004, p.175.

Nenhum comentário:

Postar um comentário