Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

trecho de conversa: "geografia"

F: E você, já é carioca?

M: Talvez você, sua vinda para cá, me ajude a me situar melhor na cidade: ainda não encontrei, geograficamente, um canto que queira chamar de meu. E assim já vou te respondendo: estou tentando, com a diferença que não tem nenhum lugar para onde eu queira voltar: sou mesmo uma emigrada.

F: Tomara que eu possa ajudar, mas pode ser que o seu terreno não seja tão geográfico, o que afinal é uma liberdade. Esse lance de substância, os filósofos já deram por encerrado há muito tempo, né?  Em lacanês, acho que é uma coisa do imaginário isso de terra natal. Você batizou superbem o próprio blog, e não foi à toa... 

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