Fui conferir a mostra de Escher, mas foi apenas a primeira impressão da proposta do artista holandês, rica, sem dúvida, como um livro que pede para ser relido. De forma que terei que retornar (era fim do dia, eu estava já um pouco cansada). Estava acompanhada, bem acompanhada, por um casal amigo particularmente conhecedor e bem informado sobre a obra de Escher (ela formada em artes plásticas, ele em arquitetura), e a massa de informações era bem grande, o que julguei um privilégio. Tudo é muito rico e desafiador dos parâmetros usuais de apreensão da realidade. Fiquei sabendo muita coisa, sobre a técnica, a proposta, os modos de criação, as obras em si, de fato fantásticas. Logicamente, fiz algumas escolhas, que são o modo com que cada um reage à obra de arte. Diante de um conjunto como aquele, não retornar é quase uma heresia. Assim, esse post é apenas o registro de uma primeira incursão, acompanhado de uma ilustração do universo de Escher, a cena de um filme seu tanto adolescente (Labyrinth), de que jamais tinha ouvido falar, com performance de ninguém menos que Mr. David Bowie.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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