Recebo por e-mail matéria desoladora sobre a atual condição da educação pública oferecida pelo município do Rio de Janeiro, publicada na edição de fevereiro da revista Piauí (só para assinantes). Destaco o trecho: "O Brasil ocupa o 53º lugar no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que testou 65 países em 2009. E o Rio de Janeiro chegou em penúltimo entre os estados brasileiros no Ideb, à frente do Piauí e empatado com Alagoas, Amapá e Rio Grande do Norte." O texto do e-mail advertia para o conteúdo bombástico: "Mesmo conhecendo a situação de nossas escolas (e de nossa educação), tenho de confessar que a matéria anexa (da PIAUÍ deste mês) me causou mal-estar. A realidade é outra?"
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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