“Refiro ao senhor: um outro doutor, doutor rapaz, que explorava
as pedras turmalinas no vale do Arassuaí, discorreu que a vida da gente encarna
e reencarna, por progresso próprio, mas que Deus não há. Estremeço. Como não
ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível,
o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e
a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo
facilitar ― é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um
pouquinho, pois, no fim dá certo. Mas, se não tem Deus, então a gente não tem
licença de coisa nenhuma.”
ROSA, João Guimarães. Grande
sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p.76.
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