Lendo isto, não pude deixar de pensar nas palavras com outro devotado carinho, as cordas que cada um possui, embora possa não se dar conta disso: "Por fim, com medo de perder o prazo para trocas, Bob levou para casa um violão barato, que acariciava como se fosse uma relíquia espanhola. Acompanhando as instruções, ele correu os dedos suavemente pelas seis cordas, apertando os dedos nas casas. Aquilo quase soava como música. Ele ficou horas sentado com o violão no colo, explorando e experimentando. Os dedos ficaram doloridos. O Manoloff’s Basic Spanish Guitar Manual deu algumas dicas. Mas os ouvidos e os dedos do rapaz logo tomaram a frente. Ele dominou uma posição atrás da outra. Identificou as escalas e descobriu a chave para os tons certos. Mandem-me uma chave ― eu encontrarei a porta onde ela se encaixa, nem que procure até o resto da vida.”
Robert Shelton. No direction home: a vida e a música de Bob Dylan. Trad. Gustavo Mesquita. São Paulo: Larousse, 2001, p.67. Aqui o comentário do Dylanesco sobre este trabalho monumental de Robert Shelton, perceptível já nas páginas iniciais. A fala destacada de Dylan é de 1966.
Nenhum comentário:
Postar um comentário