― Piedade para esse monstro atarefado, inumanidade
― não. O Progresso é doença confortável:
a vítima (morte e vida mantidas a uma distância conveniente)
brinca com a grandeza de sua pequeneza
― elétrons deificam uma lâmina de barbear
transformando-a em cadeiademontanha; lentes estendem
nãodesejo através de coleante ondequando
até que nãodesejo
se volta sobre si nãomesmo.
Mundo de feito
não é mundo de nascido ― piedade para a pobre carne
e para as árvores, pobres estrelas e pedras, nunca para este
ótimo espécime de hipermágica
ultraonipotência. Nós médicos sabemos
que um doente está desenganado quando... escuta aqui:
tem um universo bom como o diabo aí do lado; vambora
FAUSTINO, Mário. Poesia completa e traduzida. Org. Benedito Nunes. São Paulo: Max Limonard, 1985, p.289. Poema original e versão de Augusto de Campos AQUI.
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