Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


domingo, 26 de fevereiro de 2012

não tem concorrência

Na Folha de 18/02, coluna Mônica Bergamo (daqui):

Depois de entregar a chave simbólica de Salvador para o Rei Momo e abrir o Carnaval, o prefeito João Henrique (PP-BA) falou com a coluna sobre a greve da PM, encerrada dias atrás:

Folha ― Foi uma surpresa?
João Henrique ― Sim. Tanto que eu tava fora [no Rio]. Mas, graças a Deus, deu tudo certo. E hoje nós estamos abrindo aí essa festa, que é a maior do planeta, né?

Que lição fica do episódio, que deixou 176 mortos?
A festa é de muita alegria. Hoje é dia de curtir o Carnaval da Bahia. É o maior do Brasil. Não adianta a concorrência. Este aqui é o maior Carnaval do mundo.

Foram 176 mortos.
Não tem concorrência. É o maior Carnaval do mundo.

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