Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 3 de março de 2012

geografia

Muita coisa passou pelo tablado dos meus sonhos esta noite. Eu era plateia? Coisas confusas, misturadas a conflitos afetivos e baratas (baratas mesmo, insetos, embora o adjetivo aqui se insinue através delas). Mas houve uma cena nítida, já no final, aquela que costuma ser a ponta do iceberg pela qual um sonho volta pela manhã como matéria difusa ― e também o acesso ao restante quase informe. Eu estava no Rio de Janeiro, numa casa situada nos limites da cidade, quase rarefeita, e quando olhei pela janela era como se tudo estivesse sobre um mapa, daqueles dos livros de escola, o mapa do Brasil. E a janela de onde eu olhava estava voltada para Belo Horizonte, concretamente, enquanto, no lado oposto, São Paulo (o estado) se insinuava como linhas abstratas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário