Coração batendo surdo. É quando o coração, ao bater, parece
estar esbarrando em alguma coisa. Como se estivesse precisando de mais espaço.
Acidente da semana: uma garrafa de vinho se espatifou no chão do supermercado
quando passei estabanada, esbarrando o carrinho. Estava em local propício a
acidentes, a garrafa. Paralisia momentânea,
até me situar diante da garrafa de vinho espatifada no chão, com o vinho
derramado. A enorme incompetência mesmo para quebrar acidentalmente uma garrafa
de vinho no supermercado. O líquido colorido derramado. Incompetência ainda maior
para lidar com esse bater surdo, o vinho tinto de contidas emoções, derramadas
acidentalmente no coração. Esbarrei onde não devia, distraída estava.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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