Apenas
num plano abstrato somos todos iguais, e isso já seria suficiente para que a
diversidade humana fosse entendida como condição de sobrevivência da espécie. A
tentativa de abolir as diferenças, tornando-nos insuportavelmente semelhantes,
constrói o fascismo dos valores padronizados, estereotipados. Na própria
palavra “valor”, a armadilha. “Nenhuma acusação a quem não quer perder seu mundo (qualquer
disputa cansa mesmo), mas simplesmente outra velocidade, outros gostos.”
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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