Saí para fazer a habitual caminhada noturna e resolvi
tomar outra rota, em direção à casa de minha irmã, por conta da outra irmã que
lá esperava, não necessariamente por mim. Ajudei no que pude com minha presença,
e depois voltei, também caminhando. Caía uma chuva fresca, leve, quase uma
garoa. Um trecho da rua quase vazio de pedestres, só veículos. Depois gente de
novo. E bastante gente no bar, já perto de casa, o que fez lembrar do dia que é
hoje, certa leveza no ar, a alegria das pessoas que estão já comemorando a
chegada do ano novo, nessa falsa véspera de segunda-feira.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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