Naturalmente o que a Rita Lee representa (para mim):
uma musiquinha fácil, de supermercado, grudenta; a postura pseudorrebelde; a
voz chata dela; o adocicado viscoso de letra e melodia; a autocomplacência
burguesa de um gosto musical duvidoso; os sorrisos de comercial de margarina...
É preciso, acima de tudo, poder detestar, ter o direito de detestar — algo,
alguém, alguma coisa —, porque não há como ficar indiferente às coisas detestáveis.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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