Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Emily Dickinson

O Espírito não mostra
A mais íntima Hora
Que Horror subjugaria as Ruas
Se lhe viesse à Cara

O Porão dentro da Alma
O Subterrâneo Peso –
Só Deus faz um Lugar tão cheio
Ficar silencioso.


Its Hour with itself
The Spirit never shows
What Terror would enthrall the Street
Could Countenance disclose

The Subterranean Freight
The Cellars of the Soul
Thank God the loudest Place he made
Is license to be still.

DICKINSON, Emily. A branca voz da solidão. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2011, p.172-173.

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