Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Emily Dickinson

Nenhuma vida é esférica
Salvo as pequenas ―
Essas ― se mostram de uma vez
E vão-se às pressas ―
As grandes ― crescem devagar
E caem aos poucos ―
Os verões das Hespérides
São longos.


Except the smaller size
No lives are round
These ― hurry to a sphere
And show and end ―
The larger ― slower grow
And later hang
The Summer of Hesperides
Are long.

DICKINSON, Emily. Alguns poemas. Trad. José Lira. São Paulo: Iluminuras, 2008, p. 60-61.

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