Não, eu não vou me afogar no mar da blogosfera. Há coisas incríveis, fantásticas, talvez imperdíveis por aí. Mas sei dos meus limites, e com algum esforço consigo saber o que estou fazendo aqui. As melhores coisas que saíram de mim foram exatamente isso: saíram de mim, pediram para existir. Como tal, têm seu lado de inocência: elas, as palavras que vão sendo escritas à medida que meus dedos manejam um teclado (e com menos facilidade do que se supõe, afinal um deles encontra-se, faz tempo, levemente machucado), elas trazem consigo algo de Angela Vicario (Crônica de uma morte anunciada): ninguém nunca saberá seu segredo, embora, no caso, isso não custe a vida de ninguém, porque não envolve a violência. E já era mesmo tempo de falar de Gabriel Garcia Márquez por aqui.
Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.
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