Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


sábado, 30 de abril de 2011

a inestimável qualidade da poesia

Do blog O leitor sem qualidades: "Porque é preciso nunca falhar a ocasião da leitura, estes são os livros que leio e sobre os quais, numa fulguração momentânea, até mesmo Kafka, contrariando todos os seus intérpretes futuros, teria dito: 'atravessando as palavras há restos de luz'." 

Atravessando as palavras há restos de luz, ruínas de sentidos, sombras de imprecisão. Atravessando um poema (como o de Mário Faustino), há um desafio ao silêncio das regras do jogo, ou do joio, porque é preciso quebrá-las para que a vida possa viver. 

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