Gosto de imaginar que ilhas significam-se ― fazem-se dizer por signos ― mediante barcos que se aventuram nas águas que as separam, mas também as unem: as águas podem ser oceânicas ou simples veredas, salgadas ou doces, profundas, turbulentas e mais difíceis de navegar, ou arroios cristalinos que escorrem transparentes entre pedras e vegetação de grande frescor. Os barcos, as palavras. E tudo o mais que diz respeito à palavra afeto, no sentido de afetar, atravessar. Escrever e ler são pontas de ilhas que se fazem significar ― os trajetos dependem dos barcos, das ilhas, das águas que as separam. Este blog não pretende nada, exceto lançar barcos que eventualmente alcancem outras ilhas. Barquinhos de papel.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

coisas insuportáveis

Um personagem de José J. Veiga afirma: "Todo mundo vem dizendo há muito tempo que a vida está insuportável, e que se continuar assim... Pois continua, e cada dia piora, e estamos aí aguentando. Quando parece que não vamos aguentar mais e cair no desespero, alguém inventa um passatempo para nos distrair." Trata-se do romance Sombras de reis barbudos. No entanto, seja por retórica ou por excesso, falamos com frequência em coisas insuportáveis. Aí vai minha listinha:

  1. Assistir ao Jornal Nacional.
  2. Aturar por mais de 10 minutos os pequenos fascismos (podres poderes) de todo dia.
  3. Ouvir funk.
  4. Ouvir piadinhas de duplo sentido com conotação sexual como se fosse a coisa mais normal deste mundo.
  5. Os semi-deuses e heróis que resistem à overdose do próprio ego inflado.
  6. Pessoas cretinas.
  7. Hipócritas de qualquer espécie, incluindo os sabotadores.
  8. As figurinhas carimbadas de sempre, que é possível farejar à distância.
  9. Os pequenos tiranetes, cujo discurso denuncia o gozo que sentem com o poder.
  10. Trabalhar demais.

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