Um vento soprando da região do mito
balançou meu corpo.
Conheço-lhe o teor, o terror
que me inspira, e fui às lágrimas.
Um vento cuja travessia faz um
qualquer humano dizer:
― Conheço minha tragédia.
Soprou por dois dias ―
suficientes para silenciar
esperanças íntimas,
dispersão das palavras
nos arredores da vida.
Trouxe-me náusea.
Foi-se, posto vento,
mas o adjetivo é
mais que acessório ―
os fundamentos do edifício
não ficam incólumes à força do vento,
ao que ele leva ou deixa.
Levou palavras.
Deixou folhas secas
que estalam ao toque
e pedem cautela,
memória possível
do abalo da construção.
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